A instabilidade política e social em Moçambique, marcada por episódios de violência pós-eleitoral, continua a gerar impactos significativos no comércio agrícola e na logística regional. Desde o início do mês, tensões políticas e confrontos resultaram no fechamento temporário da fronteira de Ressano Garcia, importante conexão entre Moçambique e África do Sul, e na suspensão de operações no Porto de Maputo, que é um ponto-chave para exportações na região.
Embora o Porto de Maputo seja amplamente utilizado para a exportação de minerais como carvão e magnetita, produtos agrícolas também dependem dessas rotas, especialmente frutas frescas como uvas e mangas. Com o aumento da violência, empresas sul-africanas que planeavam utilizar o porto decidiram redirecionar suas cargas para o Porto de Durban, na África do Sul, como medida preventiva.
Exportadores de uvas, por exemplo, já estão a ajustar suas operações e indicaram que só reconsiderarão o uso do Porto de Maputo se a situação estabilizar nas próximas semanas. As primeiras remessas de uvas, inicialmente programadas para novembro, podem sofrer atrasos devido ao cenário incerto.
Produtores moçambicanos de bananas, que abastecem o mercado sul-africano, também sentiram os efeitos. Nas últimas semanas, foi registrado um aumento na quantidade de bananas enviadas ao mercado de Gauteng, antecipando possíveis interrupções na fronteira. Apesar disso, comerciantes preveem uma redução na oferta, caso o bloqueio na fronteira de Lebombo persista. A diminuição na circulação de mercadorias não só afecta o fluxo comercial, mas também impacta financeiramente os produtores que dependem dessas exportações para sustentar suas operações.
Enquanto isso, a instabilidade reforça a necessidade de estratégias que priorizem o fortalecimento do mercado interno e a diversificação das rotas logísticas em Moçambique. A criação de alternativas locais pode ajudar a mitigar os riscos associados à dependência de mercados externos e melhorar a resiliência dos produtores diante de cenários de crise.